quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Ecofashion: Razões para acreditar que "green is the new black”


Sinônimo de estilo, originalidade e responsabilidade, a ecofashion conquista cada vez mais espaço na indústria da moda. O conceito da moda sustentável consiste na confecção de roupas com matérias-primas ecologicamente corretas, que não geram impacto no meio ambiente, respeitam as leis trabalhistas e promovam a cooperação entre produtor e a comunidade local. Essa tendência eco-friendly já ganhou adeptos por todo mundo e é vista nas mais famosas passarelas das semanas de moda, em coleções de Stella McCartney e Vivienne Westwood.

Coleção Pre-Spring/Summer da estilista Stella McCartney

Mais do que apenas dizer o que vestir ou não vestir, a moda reflete na forma como consumimos e nos expressamos. Como qualquer outra indústria, ela é dependente de inúmeras estratégias de mercado. Muitas marcas importantes poluem, desmatam e utilizam produtos tóxicos. Segundo dados do Greenpeace, a indústria têxtil é uma das principais fontes de poluição da água de países como México e China. Diversas florestas são transformadas em matéria-prima e grandes áreas da Amazônia são desmatadas ilegalmente para dar lugar a criações de gado usado para a produção de couro.

Para promover a transparência aos consumidores, o Greenpeace criou, em 2013, o ranking Duelo da Moda. O projeto tem como objetivo propor uma disputa entre as marcas e, assim, avaliar a produção mais sustentável.  Ao todo, 15 marcas participaram da análise. A pesquisa tem por base três quesitos: couro, celulose e poluição tóxica da água. Quem se qualifica positivamente no ranking é a grife Valentino, que já se comprometeu a acabar com os lançamentos de produtos tóxicos e adotar uma política sem desmatamento. Marcas renomadas como Prada, Chanel, Dolce & Gabbana e Hermès aparecem em último lugar, sem nenhuma prática sustentável. Segundo Lilyan Berlim, autora do livro Moda e Sustentabilidade, iniciativas como estas devem continuar pressionando a indústria fashion a explorar métodos ecologicamente corretos. “Tão importante quanto o consumo consciente, a produção consciente deve ser cada vez mais incentivada. A participação de grandes estilistas na causa sustentável abre caminho para o conhecimento e a divulgação desse tipo de moda”, conta.

Uma das pioneiras da ecofashion, a designer inglesa Stella McCartney apoia a corrente eco-friendly desde 2001. Favorita entre atrizes como Anne Hathaway, Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow, Stella cria coleções sem o uso de couro e de pele de animais, apenas com tecidos orgânicos tingidos com corantes naturais. Além disso, suas lojas são abastecidas por energia eólica e utilizam sacolas de papel reciclado ou milho biodegradável. Em 2010, a estilista assinou uma parceria com a marca esportiva Adidas. Todas as roupas são feitas de tecidos de PET reciclado e algodão orgânico. Ela também possui uma linha de lingerie feita somente com fibra natural.

Quem também segue o exemplo sustentável é a marca de jeans Levi’s. Com a coleção Water Less, a grife reduziu, em média, 28% do consumo de água na fabricação do jeans tradicional. Em outras peças, a economia chega a 96%. Em parceria com a ONG Better Cotton Initiative, a marca busca promover, na fase de tratamento do algodão, a redução do uso de pesticidas e a preservação da biodiversidade. O novo projeto da Levi’s é o Wellthread Levis, uma coleção totalmente sustentável, com tecidos recicláveis e que consomem menos energia e água.

A coleção Verão 2015 da marca Osklen, apresentada no último Fashion Rio

No Brasil, a ecofashion é um mercado em ascensão. “O divisor de águas para a moda brasileira aconteceu em 2007, quando a Osklen inovou nas passarelas do São Paulo Fashion Week com uma coleção feita com algodão orgânico, látex natural e malha de PET reciclada”, diz Lilyan. A partir de então, o designer da marca, Oscar Metsavaht, aderiu completamente à sustentabilidade. Ele já utiliza mais de 20 tipos de materiais recicláveis, orgânicos e artesanais na elaboração das peças. A Osklen também trabalha com produtos de comunidades e cooperativas, colaborando no desenvolvimento social e econômico dos grupos participantes.

Mesmo com um considerável crescimento, ainda falta incentivo para a consolidação da moda sustentável no Brasil. A produção de algodão orgânico não é suficiente para abastecer todo o mercado brasileiro. “Como a produção da matéria-prima é feita sem agrotóxicos, não há garantia de colheita. Por isso, é muito difícil para um produtor conseguir um empréstimo no banco. E, quando conseguem, o preço é bem mais alto”, explica a autora. Outro fator que encarece o processo é a adequação às leis trabalhistas, que garantem salários dignos para os trabalhadores envolvidos. Para Lilyan Berlim, é preciso rever as relações custo-benefício da indústria fashion. Apesar de ser 70% mais cara, a convecção de roupas sustentáveis traz inúmeros benefícios para o meio-ambiente. Há um novo mercado interessado na moda brasileira e é fundamental investir em áreas mais verdes para garantir a preservação e valorização da biodiversidade.

4 comentários:

  1. Que matéria incrível! Parabéns!

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  2. Muito bom saber que a sustentabilidade também pode ser aplicada na moda.

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  3. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  4. Adoro moda sustentável!

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